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Ácido Ursólico: conheça o novo aliado no tratamento da obesidade e no ganho de massa magra

Novos estudos mostram benefícios de uma substância para o tratamento da obesidade e que parece favorecer o ganho de massa muscular. Ainda desconhecido para muitas pessoas, o ácido ursólico (AU) é um composto natural encontrado nas folhas, flores e frutos de ervas medicinais como o Rosmarinus officinalis (alecrim), Ocimum basilicum (manjericão), Eugenia jambolana (Jamelão), folhas de Origanum vulgare (orégano), folhas e cascas de Eucalyptus globulus (eucaliptos), folhas de Coffea arabica (café) e Pyrus malus (casca de maçã). O brilhante estudo brasileiro de Katashima et al publicado no Obesity Reviews em janeiro de 2017 mostra que o ácido ursólico possui efeitos biológicos interessantes como potente ação anti-inflamatória, possui também efeitos antioxidantes, favorece a termogênese e síntese muscular e, finalmente, um efeito interessante na composição corporal.

 

Como o ácido ursólico funciona?

Os mecanismos principais de ação da ácido ursólico envolvem a ativação da proteína quinase (AMPK) ativada por proteína de desacoplamento (UCP1) no tecido adiposo e no músculo esquelético. Há uma maior liberação de hormônio de crescimento e fator de insulina tipo 1 (IGF-1) na corrente sanguínea, bem como aumento da proteína alvo da rapamicina (mTOR), todos fatores relacionados com maior síntese muscular e maior lipólise no tecido adiposo o que parece favorecer a composição corporal.

 

Qual a importância da massa muscular para nossa composição corporal? 

A obesidade e o sobrepeso estão intimamente relacionados com baixa massa muscular, principalmente nos indivíduos que realizam frequentemente dietas extremamente restritivas e apresentam grandes alternâncias no peso corporal. Esses indivíduos muitas vezes são sedentários e apresentam-se com quadros de sarcopenia onde a massa muscular corporal encontra-se abaixo dos valores normais devido as perdas consecutivas de massa muscular. Dietas “da moda” sem acompanhamento do nutricionista  associadas com programas onde não há orientação para a prática de exercícios corretamente refletem-se na perda de massa muscular, redução de força, risco proeminente de fragilidade física o que leva ao ganho de peso recorrente gerando assim, um ciclo vicioso que altera o set-point metabólico do indivíduo. Isso acontece porque a contração de muscular é um mecanismo crucial para a homeostase do nosso corpo e no controle da função metabólica, sua ação é portanto considerada fundamental para a manutenção da saúde.

 

 Haveria benefício do ácido ursólico na esteatose hepática e na sensibilidade à insulina?

O estudo de Kunkel et al publicado na PLoS One em 2012 evidenciou que o ácido ursólico aumenta a síntese múscular, favorece o metabolismo do tecido adiposo marrom e gasto de energia em ratos com obesidade induzida por dieta. Esses efeitos estão associados também ao aumento da força e da capacidade de exercício. Os resultados na melhora da tolerância à glicose foi muito interessante: para avaliar a homeostase da glicose, foi medida a glicemia no jejum. Na ausência de tratamento com ácido ursólico, a glicemia em jejum foi elevada a 109 ± 2 mg/dl. Contudo, a glicemia em jejum foi normal (74 ± 5mg/dl) em ratos tratados com ácido ursólico. Além de prevenir a hiperglicemia em jejum, o ácido ursólico reduziu a excursão glicêmica durante um teste de tolerância à glicose e diminuição da esteatose hepática.

Estes dados pré-clínicos recomendam estudos adicionais em seres humanos. Se o ácido ursólico tiver efeitos semelhantes em camundongos e humanos, o ácido ursólico e/ou seus análogos estruturais podem ser agentes terapêuticos úteis para uma série de distúrbios metabólicos cada vez mais comuns, incluindo atrofia muscular esquelética, sarcopenia, obesidade, diabetes tipo 2 e doença hepática gordurosa não alcoólica. Além disso, avaliar possíveis benefícios ergogênicos para atletas e praticantes de exercícios físicos regulares sendo necessários maiores estudos nesse grupo.

 

Referências:

1) Katashima et al. Ursolic acid and mechanisms of actions on adipose and muscle tissue: a systematic review. Obesity Reviews 2017. doi:10.1111/obr.12523

2) Kunkel et al. Ursolic Acid Increases Skeletal Muscle and Brown Fat and Decreases Diet-Induced Obesity, Glucose Intolerance and Fatty Liver Disease. PloS One 2012. doi:10.1371/journal.pone.0039332

 

Por Dr. Guilherme Renke
Médico atuante na área da Cardiologia e Medicina Desportiva. Formado pela Universidade Estácio de Sá, com pós-graduação em Cardiologia pelo Instituto Nacional de Cardiologia INCL RJ, pós-graduando em Nutriendocrinologia Funcional pela Faculdade Ingá e Endocrinologia pela IPEMED. Fellow e Membro da American Academy of Anti-Aging Medicine, Membro do American College of Sports Medicine, Membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Membro do Departamento de Ergometria e Reabilitação da SBC, e da World Society of Anti-Aging Medicine.