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TPM também pode ser tratada com antidepressivos

Não espere muita animação da psicóloga carioca Paloma Marin, de 23 anos, em determinados dias do mês. Os amigos poderão fazer tentadores convites para tirar a jovem de casa, mas ela irá, calmamente, declinar. O mesmo fará a veterinária, também carioca, Gabriela Vieira, de 36 anos, que dirá “não” de uma forma, digamos, mais impaciente. Isso porque as duas sofrem da famigerada TPM, sigla de tensão pré-menstrual, que atinge cerca de 60% das mulheres em idade fértil. “Muitas vezes, não tenho vontade de falar com as pessoas. Sei que fico insuportável, viro uma péssima companhia. Meu pavio fica muito curto”, diz Gabriela, cujo marido e mãe sofrem com a falta de paciência e entusiasmo da veterinária. Paloma também se recolhe, mas pelo excesso de emoção. “Evito até opinar sobre alguns assuntos para não chorar.”

No entanto, dizem os médicos, é preciso ter cuidado para diferenciar o que é, de fato, TPM e o que pode ser um quadro depressivo. “Depressão não é só ficar dentro do quarto. Muitas vezes, ela apresenta características como irritabilidade e ansiedade”, explica a médica Amanda Athayde, especialista em Endocrinologia Feminina da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

A avaliação tem a ver com frequência, ou seja, quando esses sentimentos aparecem e quando eles vão embora. “Para o diagnóstico, é importante que os sintomas cessem com o fim do período menstrual. Se eles continuam por mais tempo, pode haver outra doença associada”, diz o psiquiatra Higor Caldato, da clínica Nutrindo Ideais.

Mas, mesmo quando não se trata de um quadro de desequilíbrio psíquico, antidepressivos podem ajudar a diminuir a intensidade dos casos mais acentuados de TPM, que geralmente aparecem entre 15 e 10 dias antes dos sangramentos e influenciam as relações amorosas, sociais e até profissionais. Isso porque o medicamento ajuda a regular os níveis de serotonina no cérebro, que caem drasticamente quando a progesterona e o estrogênio diminuem antes da menstruação. “A serotonina é um neurotransmissor que promove a sensação de bem-estar”, explica Higor. “Quando os hormônios femininos caem, ela também diminui. E muitas mulheres têm predisposição a sofrer essa oscilação de forma mais intensa, apresentando mais letargia, sensação de tristeza e falta de esperança.”

A medicação pode ser tomada de forma contínua ou em períodos pré-determinados do mês. “O tipo de tratamento tem que ser decidido entre o médico e a mulher, de forma conjunta, porque podem existir efeitos colaterais, como alteração de libido”, alerta a ginecologista Nathalie Raibolt, que sempre pede para as pacientes fazerem uma espécie de diário de sintomas. “Às vezes, as mulheres não conseguem associar o que sentem à menstruação, não sabem dizer exatamente quando ficam bem ou mal. Com as anotações, temos condição de relacionar as fases do ciclo ao aparecimento dos sintomas”, diz Nathalie.

As pílulas anticoncepcionais, principalmente de uso contínuo, ainda são o tratamento usual nos consultórios, já que mantêm os níveis hormonais estáveis durante o mês, o que gera uma TPM mais branda. Ainda assim, o que é indicado para qualquer caso, do mais leve mau humor até a maior sensação de desespero, ainda é o bom e velho exercício físico. Além da sensação de bem-estar imediata, ele atua no fortalecimento de áreas estratégicas do cérebro, que ajudam a regular as emoções. “A atividade física é essencial para a saúde mental porque estimula a formação de novos vasos que dão uma espécie de turbinada no órgão”, explica Higor.

 

Fonte: https://oglobo.globo.com/ela/beleza/bem-estar/tpm-tambem-pode-ser-tratada-com-antidepressivos-23848022