Em todo o mundo, uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos, informou, ontem, a Organização Mundial da Saúde (OMS). Um relatório da agência da ONU apontou ainda que esta foi a segunda principal causa de morte entre jovens com idades entre 15 e 29 anos, depois de acidentes de trânsito.
Entre as meninas de 15 a 19 anos, o suicídio foi a segunda maior causa de óbitos, depois das complicações relacionadas ao parto. No caso dos meninos, o suicídio ficou em terceiro lugar, atrás dos acidentes de trânsito e da violência interpessoal.
No geral, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, número que supera o de mortes por malária ou câncer de mama, guerra ou homicídio, segundo a organização.
A OMS pediu aos governos que adotem planos de prevenção de suicídio para ajudar as pessoas a lidar com o estresse e reduzir o acesso a meios de tirar a própria vida: “O suicídio é uma questão global de saúde pública. Todas as idades, sexos e regiões do mundo são afetadas”, diz o relatório.
Uma das maneiras de evitar suicídios é a escuta efetiva do que a pessoa ao lado tem a dizer.
— Quando alguém chega para dizer que está em sofrimento, deve haver alguns cuidados para ouvir, como espaço e tempo adequados. Ninguém se sentirá à vontade se você estiver olhando o celular ou com pressa. Faça duas perguntas: “onde está doendo, fala da sua dor?” e “como posso te ajudar?” — orienta Carlos Aragão Neto, psicólogo e especialista em prevenção e posvenção (sobrevivência após a tentativa) do suicídio.
Especialistas garantem que é um mito a ideia de que quem anuncia que tirará a própria vida não o faz. Em grande parte, diz ele, as pessoas avisam antes. Apesar de, muitas vezes, os sinais serem de difícil detecção.
O suicídio não é um comportamento isolado, mas multifatorial. Resulta de uma complexa interação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociológicos, culturais e ambientais. A depressão é uma das doenças que pode levar alguém a tirar a própria vida.
— É preciso quebrar o tabu sobre saúde mental, ela importa tanto quanto a física. Depressão não é frescura, nem psiquiatra é médico de maluco. Quanto mais informado estivermos, mas conseguimos prevenir — avalia o psiquiatra Higor Caldeta, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).