O whey protein é o tipo de suplemento alimentar mais consumido por atletas e esportistas amadores. Em forma de barra, pó ou bebida, as proteínas, geralmente, oriundas do leite, são consumidas em massa para favorecer o desenvolvimento muscular. Porém, uma pesquisa publicada em abril pela revista acadêmica Nature Metabolism, alerta para os cuidados da ingestão exagerada do macronutriente oriundo de suplementos.
A investigação afirma que a grande concentração de aminoácidos de cadeia ramificada, também conhecidos como BCAA, pode interferir no funcionamento do cérebro e na emissão de serotonina, o hormônio da felicidade.
Realizado pela Universidade de Sidney, na Austrália, o estudo alimentou grupos de camundongos a partir de diferentes quantidades de BCAAs: um grupo consumia apenas uma dose e outro consumia o dobro do indicado. Entre os animais que ingeriam altas porções da substância, os índices de obesidade e mortalidade cresceram consideravelmente.
O estudo não menciona as porções recomendadas para ratos ou seres humanos, mas aponta que, a longo prazo, uma overdose de BCAA pode levar à eliminação do triptofano, uma substância que dá origem à serotonina, proporcionando as sensações de bem-estar, regulando o ciclo do sono e desempenhando um papel importante no comportamento alimentar do indivíduo.
Para evitar com que isso aconteça, os pesquisadores recomendam consumir proteínas, aminoácidos e nutrientes diretamente dos alimentos convencionais, como peixes, ovos, laticínios, castanhas e outros produtos naturais.
Ainda assim, existem algumas ressalvas. Ainda são necessárias novas pesquisas para comprovar possíveis danos sobre o uso deste tipo de suplemento, uma vez que não se pode dizer que os resultados em camundongos se aplicam exatamente da mesma forma em humanos. “Um estudo feito com camundongos possui baixa validade cientifica para aplicabilidade em humanos. Era de se esperar que o grupo que fez BCAA ganharia peso, porque os aminoácidos do BCAA são glicolíticos. Então, dependendo da fermentação que foi feita para os camundongos, haveria esse ganho de peso”, afirma o endocrinologista Guilherme Renke. O médico aponta que, para atletas, outras avaliações científicas mostram o contrário. “Ainda é um estudo muito inicial para concluir que o uso de BCAA pode levar a danos cerebrais nos humanos”, completa.