Correr na velhice já deixou de ser tabu faz muito tempo. Cada vez mais, os vovôs e vovós estão dominando as pistas, transformando em coisa do passado aquela imagem na qual os velhinhos só vivem na cadeira de balanço e não fazem atividade física. Ainda bem! A expectativa de vida do brasileiro tem crescido a cada década e, atualmente, é de cerca de 75 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Graças aos avanços da medicina, os cuidados com a alimentação e o maior acesso à informação, cada vez mais pessoas chegam a essa faixa etária fazendo exercícios – o que contribui para que elas vivam ainda mais e melhor!
Porém, antes de alguém na terceira idade sair correndo por aí, sem direção, é importante tomar alguns cuidados prévios. Segundo o médico Guilherme Renke, qualquer idoso, independente de já correr ou não, precisa se consultar com um profissional da saúde para fazer uma avaliação. É fundamental realizar um teste de esforço, para saber se está tudo bem com a parte cardiopulmonar, e também analisar a composição corporal – checar o percentual de gordura e massa magra. Esses exames vão indicar o melhor tipo de exercício para a pessoa”, destaca Renke. Uma consulta com o nutricionista também é bem-vinda, pois ele pode apontar se há deficiência de nutrientes no organismo do corredor e montar um cardápio que atenda todas as suas necessidades.
Independência física e mental
Além de ajudar a prevenir doenças cardíacas, diabetes e obesidade, a atividade física na terceira idade contribuiu para minimizar a sarcopenia (perda de massa magra). Esse problema, comum com o passar dos anos, pode trazer prejuízos para a mobilidade e qualidade de vida do idoso. “O exercício após os 60 anos é fundamental para a manutenção da capacidade funcional da pessoa. Ela não vai precisar dos outros para fazer coisas básicas do dia a dia, como tomar banho ou se levantar da cadeira. Essa independência é importante tanto para a saúde física quanto mental, já que muitas pesquisas apontam que hoje as pessoas na terceira idade têm mais medo de ficar dependente do que de morrer”.
Tais benefícios também são descritos por psicólogos do esporte, como Fernanda Nascimento, do Esporte Clube Pinheiros. “Para os atletas que praticam exercícios após envelhecerem, a possibilidade de manter a autonomia e independência cresce muito. O esporte ainda impacta no maior convívio social e no bem-estar. Correr aumenta sensações positivas no indivíduo e auxilia no estímulo da memória. Além disso, ajuda a combater os sintomas de depressão e ansiedade”, aponta Fernanda.
Corrida para a vida toda
Depois de fazer os exames e receber o aval do médico, é hora de pôr os pés para trabalharem no asfalto. Na hora dos treinos, ter a orientação de um educador físico pode fazer com que os quilômetros se tornem mais produtivos, saudáveis e certeiros, tanto para idosos que vão iniciar no esporte quanto para os que já correm há anos. “O principal cuidado ao montar o treino para uma pessoa com mais de 60 anos é dosar corretamente o volume (distância) e a intensidade dos exercícios, já que os idosos tendem a ter menos massa muscular e capacidade cardiopulmonar”, explica Nelson Evêncio, diretor técnico da assessoria esportiva que leva seu nome.
Geralmente, as rodagens leves são a base do treino de uma pessoa na terceira idade. No entanto, também é recomendando fazer ao menos uma vez na semana uma atividade um pouco mais intensa, respeitando os limites da pessoa. Evêncio, que é corredor e planeja treinar até os 90 anos, recomenda que idosos não participem de muitas provas consecutivas. Motivo: em competições, a gente sempre acaba forçando um pouco mais do que nos treinos e a recuperação do organismo de pessoas com faixa etária mais avançada é mais demorada. Além disso, o treinador destaca ser muito importante combinar a corrida com a musculação. Isso irá contribuir para a manutenção da massa muscular, despistando a sarcopenia.
Fonte: Sua Corrida