Você já ouviu falar sobre alimentação intuitiva? Embora esse conceito não seja novo, voltou a ser comentado após diversas pesquisas comprovarem que as dietas proibitivas fazem mal à saúde.
A ideia surgiu em 1995, a partir da publicação do livro “Intuitive Eating: A Revolutionary Program That Works“ (em livre tradução, “Alimentação Intuitiva: Um Programa Revolucionário que Funciona”), das nutricionistas Elyse Resch e Evelyn Tribole.
Afinal, o que é a dieta intuitiva?
A alimentação intuitiva não impõe regras sobre como ou o que comer. Ela é guiada por dez princípios, como “honrar a saúde”, “respeitar a plenitude” e “fazer as pazes com a comida”.
Muitas pessoas se tornam adeptas dessa prática após fracassarem em dietas ou quando se sentem cansadas pela rigidez de algumas regras alimentares.
Mas quem adere à dieta intuitiva pode acabar se deparando com um medo. Será que, quando eu me permitir comer o que quiser, vou querer consumir apenas “porcarias”? Isso pode acontecer no início, mas não é o que se observa a longo prazo. Quando a pessoa se descobre com essa “liberdade”, acaba refletindo melhor sobre suas escolhas.
Para o médico Guilherme Renke, a alimentação intuitiva pode ser interessante “partindo do pressuposto que não seja permissiva para a saúde”. Ele é endocrinologista titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e cardiologista membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
“É óbvio que nós temos que incluir alimentos saudáveis, mas é bom sempre variar”, diz. “A pessoa que toma o mesmo café da manhã, em algum momento, vai acabar enjoando daquilo”, exemplifica. “Você poder fazer uma troca intuitiva por algo que é saudável, trocar um café da manhã em que você está habituado a comer iogurte e passar a comer abacate, ovo ou outro tipo de alimento.”
“Polícia” dos alimentos
Na alimentação intuitiva, uma das metas é reconhecer e silenciar a crítica aos alimentos — que alguns chamam de “polícia” dos alimentos. É aquela voz que temos dentro de si dizendo o que devemos ou não comer.
Segundo essa teoria, alguns itens são mais nutritivos do que outros, mas não precisamos comer somente esses alimentos para sermos saudáveis.
A ideia é diferenciar a culpa, que é negativa, do arrependimento, que pode servir como aprendizado por ter tido, por exemplo, uma alimentação inadequada em alguma ocasião.
Renke recomenda “evitar ficar dizendo o tempo todo que determinada coisa faz mal”. Ele alerta que a “polícia dos alimentos” pode levar, inclusive, a transtornos e doenças. “O que a gente tem que ver é aquilo que faz muito bem, que tenha comprovação, favorecendo nossa alimentação para esses alimentos.”
“Acho que nós temos que usar a intuição e nos presentear eventualmente com coisas que estão fora da nossa alimentação”, crê o especialista. “Um dia, por exemplo, sair para jantar, beber alguma coisa que é fora do seu padrão alimentar… Senão, você acaba fazendo uma exclusão, inclusive social.”