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Dieta vegetariana e consumo de peixes estão ligados ao menor risco de câncer

A carne vermelha está cada vez mais fora do prato do brasileiro, principalmente após os diversos escândalos envolvendo a venda de carnes reprocessadas e até podres pela maioria das empresas do segmento no Brasil. Alguns estudos de fato relacionam o consumo da carne processada e dos embutidos com maior risco do desenvolvimento de câncer, em especial o colorretal. Mas até onde isso é verdade? O que mostram os estudos?

Uma alimentação vegetariana ou apenas com consumo do peixe pode ser melhor para minha saúde? 

Em estudo recente, pesquisadores da Universidade Loma Linda, na Califórnia, analisaram os hábitos alimentares de mais de 70 mil pessoas. Aqueles que comiam uma dieta vegetariana tinham um risco 22% menor de câncer colorretal do que aqueles que não eram vegetarianos. Entre aqueles que comeram uma dieta “semi-vegetariana”, a redução no risco foi ainda maior de 43%. Apesar de controversa, a dieta “semi-vegetariana” que inclui peixes e outros frutos do mar, é chamado de dieta pescetariana, mas pode ser melhor compreendida como uma dieta parecida com a do mediterrâneo.

Os resultados foram publicados na revista JAMA, segundo o pesquisador Dr. Edward Giovannucci, professor de nutrição em Harvard. Estes padrões dietéticos (vegetarianismo e semi-vegetarianismo) podem diminuir os hormônios insulina e IGF-1, dois hormônios ligados ao câncer colorretal, em comparação com a dieta tradicional.

 
 
Por que o consumo do peixe também pode trazer benefícios? 
Segundo a nutricionista Luna Azevedo, “ingerir mais alimentos vegetais fornece nutrientes benéficos para nosso organismo como folato, cálcio e fibras, que podem ajudar, principamente, na proteção e no desenvolvimento de uma microbiota intestinal anti-inflamatória. Há uma íntima relação das bactérias do nosso trato gastro-intestinal com as células do sistema imune e o que comemos pode interferir positivamente ou não nesse microambiente”. Mas parece também haver um benefício ligado ao consumo do peixe. Isso porque os peixes são ricos em ácidos graxos Ômega-3, que podem ser anti-inflamatórios. Além disso, enquanto uma dieta vegetariana tem muitos aspectos bons, ela pode ser baixa em vitamina D e o peixe é uma das poucas fontes naturais da vitamina D.
 

Por que devemos nos preocupar com a alimentação e o câncer colorretal? 

O câncer colorretal é a segunda principal causa de morte por câncer nos Estados Unidos. E no Brasil não é diferente, onde a incidência é muito grande. Seu nome refere-se ao câncer do cólon, também conhecido como intestino grosso, ou do reto, os últimos seis centímetros do nosso sistema digestivo.

Não há nenhuma maneira de prevenir o câncer colorretal completamente, mas há muito que você pode fazer para ajudar a afastá-lo, como manter um peso saudável, não fumar, evitar consumo do álcool e não ser sedentário. O câncer colorretal pode ter cura em muitos casos quando diagnosticado cedo. Por isso, recomenda-se realizar exames de colonoscopia para os adultos com mais de 50 anos de idade. As pessoas com pais ou irmãos que tiveram câncer de cólon devem começar a testar antes dos 50 anos.

 
Como eu faço essas mudanças na minha dieta?

Se você estiver interessado em cortar a carne da sua dieta faça isso com orientação. O nutricionista é o melhor profissional, pois vai fazer uma programação individualizada e uma mudança gradual em direção ao consumo de menos carne. Ele vai incluir na sua dieta o consumo de mais proteínas vegetais (leguminosas, nozes, cogumelos, sementes e castanhas) durante um período idealmente de seis meses. Vale lembrar também que todo paciente vegetariano ou vegano deve, idealmente, realizar acompanhamento médico com endocrinologista ou nutrólogo para evitar algumas deficiências nutricionais que podem ocorrer, em especial, das vitaminas do complexo B, como a B12, ferro e vitamina D.

Referências:

1 – Vegetarian Dietary Patterns and the Risk of Colorectal Cancers – Orlich et al. JAMA Intern Med. 2015;175(5):767-776. doi:10.1001/jamainternmed.2015.59

 
 
Por Dr. Guilherme Renke
Médico atuante na área da Cardiologia e Medicina Desportiva. Formado pela Universidade Estácio de Sá, com pós-graduação em Cardiologia pelo Instituto Nacional de Cardiologia INCL RJ, pós-graduando em Nutriendocrinologia Funcional pela Faculdade Ingá e Endocrinologia pela IPEMED. Fellow e Membro da American Academy of Anti-Aging Medicine, Membro do American College of Sports Medicine, Membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Membro do Departamento de Ergometria e Reabilitação da SBC, e da World Society of Anti-Aging Medicine.