A diminuição da massa óssea nas mulheres é algo extremamente preocupante, e as acomete principalmente após a menopausa e traz grande risco para fraturas. Nessas mulheres, as fraturas estão relacionadas com uma mortalidade muito elevada, em torno de 20%, sendo um problema de saúde pública.
Nas atletas também temos a chamada “tríade da mulher atleta“, onde os baixos níveis de estrogênio podem favorecer a osteopenia e as fraturas de estresse. Nesse caso o baixo percentual de gordura das atletas (menor do que 18%) é um dos principais fatores de risco para a diminuição do estrogênio, já que o tecido adiposo é um grande produtor do estradiol. O estradiol, por sua vez, estimula uma proteína chamada osteoprotegerina que favorece o turnover ósseo, ou seja, com a diminuição há um aumento da reabsorção e perda da massa óssea.
O que é e quem pode desenvolver a osteoporose?
A osteoporose é a diminuição da densidade mineral óssea abaixo de 2,5 desvios padrão em relação à densidade óssea média de um adulto jovem (medido no exame da densitometria). Isto leva a uma maior fragilidade do osso e ao aumento do risco de fraturas, devido à falta de calcificação e consequente redução de massa óssea. É desenvolvida a partir de fatores genéticos, nutricionais, estilos de vida, ocorrência de doenças que comprometem o esqueleto e ainda o uso crônico de certos medicamentos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o grande risco da osteoporose está nas fraturas, sendo as mais comuns: de punho, vértebras, costelas e, principalmente, a do colo do fêmur (osso da coxa). Aparece frequentemente em mulheres na pós-menopausa e em pessoas de idade mais avançada. Por isso, aconselha-se a realização da densitometria óssea (exame de imagem que avalia a massa óssea) preventiva para pessoas que se enquadrem nos seguintes grupos de risco:
1. As que já sofreram múltiplas fraturas e mulheres que na juventude passaram períodos sem menstruar;
2. As que fumam, bebem muito, não praticam exercícios e que consumiram pouco cálcio na fase de crescimento;
3. Pacientes que usam corticóides, hormônios da tireóide e anticonvulsivantes;
4. Pessoas com diabetes, insuficiência renal, cirrose ou hipertireoidismo;
5 . Crianças com raquitismo ou outras doenças ósseas; osteopenia e a osteoporose.
Como prevenir a perda óssea e a osteoporose?
A prevenção começa na infância, construindo-se uma boa massa óssea pela ingestão de alimentos ricos em cálcio, como brócolis, espinafre, peixes e derivados do leite. A prática de exercícios físicos também é fundamental, assim como a exposição solar para a produção da vitamina D, evitar o tabagismo, o baixo peso excessivo e a falta de hormônios femininos, que pode ocorrer já em mulheres jovens ou mais comumente na menopausa.
Para as mulheres que já apresentam sintomas da osteoporose, o principal tratamento é a terapia de reposição hormonal, já que com a redução do estrogênio na menopausa, acelera-se a perda óssea.
Como o exercício físico pode prevenir a perda óssea e a osteoporose?
Estudos mostram que o treinamento de resistência de alta intensidade (musculação) é capaz de melhorar a densidade mineral óssea e a força física em mulheres pós-menopausa com baixa massa óssea. Em um dos estudos na comparação com as mulheres que realizam um programa de exercícios de baixa intensidade, aquelas no grupo com maior intensidade apresentaram maior densidade mineral óssea (DMO) na coluna lombar e colo femoral.
O grupo que realizou musculação com maior intensidade também apresentou maiores melhorias na força do extensor da perna (37,1% x 5,1%,) e força do extensor da parte traseira (36,3% contra 10,9%).
De fato a musculação é muito eficaz na prevenção da perda óssea, mas sempre houve uma preocupação com risco de fraturas devido à maior carga. No entanto, nos estudos recentes não foram observadas fraturas ou eventos adversos importantes, sugerindo que a musculação pode ser segura para mulheres pós-menopausa com massa óssea baixa.
Por isso, é fundamental o acompanhamento do profissional de educação física no treinamento e o acompanhamento médico para tratamento específico nos casos de perda de massa óssea, seja na mulher jovem, na mulher atleta, na mulher pós-menopausa ou no homem. Vale ressaltar que o status nutricional é um fator essencial para uma boa saúde óssea, portanto restrições alimentares de alimentos ricos em cálcio podem trazer prejuízos para a saúde. Tenha sempre orientação do seu médico e nutricionista.
Referências:
1) Watson SL, et al "High-intensity resistance and impact training improves bone mineral density and physical function in postmenopausal women with osteopenia and osteoporosis: the LIFTMOR randomized controlled trial" J Bone Miner Res 2017; DOI: 10.1002/jbmr.3284.
Por: Dr. Guilherme Renke
Médico da Nutrindo Ideais
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